Climáximo pinta Castelo de São Jorge de vermelho para convocar ação a 23 de Novembro

Na madrugada de hoje, ativistas do coletivo Climáximo pintaram parte do Castelo de São Jorge, um dos monumentos mais emblemáticos de Lisboa, com tinta vermelha. A ação, realizada de forma clandestina, teve como objetivo convocar a população para uma manifestação que ocorrerá no dia 23 de novembro. O grupo ambientalista tem como foco a luta contra a crise climática e a inação dos governos face às alterações climáticas, e esta ação é mais um esforço para atrair a atenção pública para a urgência deste tema.

Ação polêmica no centro histórico de Lisboa

O Castelo de São Jorge, situado no coração da capital portuguesa e com uma história que remonta ao século XI, foi parcialmente manchado de vermelho nas primeiras horas desta sexta-feira. A tinta, que foi jogada nas paredes exteriores do monumento, cobriu uma área considerável e foi visível para turistas e moradores logo nas primeiras horas da manhã. Segundo testemunhas, os ativistas deixaram mensagens pintadas com palavras de ordem como “Crise Climática = Crise Social” e “Não há Planeta B”.

Em um comunicado divulgado nas redes sociais, o Climáximo assumiu a autoria do ato e justificou a escolha do Castelo de São Jorge como símbolo de resistência e vigilância. “Assim como o castelo protegia a cidade de invasores no passado, hoje ele deve ser um símbolo de proteção contra a ameaça mais urgente que enfrentamos: a destruição do nosso clima”, disse o grupo no comunicado. O texto ainda reforça a necessidade de ação imediata e convoca a população para um grande protesto a ser realizado no dia 23 de novembro em Lisboa.

Reação das autoridades

A Câmara Municipal de Lisboa condenou a ação, classificando-a como “um ataque a um dos maiores símbolos do patrimônio histórico e cultural de Portugal”. Em nota oficial, a autarquia garantiu que os serviços de limpeza já estão mobilizados para remover a tinta sem causar danos permanentes às estruturas antigas do castelo, que está classificado como monumento nacional.

Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, fez uma declaração pública logo após tomar conhecimento do ocorrido. “Respeitamos o direito à manifestação e à liberdade de expressão, mas atacar o nosso patrimônio cultural de forma irresponsável e ilegal não é o caminho. Este tipo de ação desrespeita não só o monumento, mas todos os lisboetas e portugueses que prezam pela preservação da nossa história”, afirmou Moedas.

O Ministério da Cultura também se pronunciou, reforçando que qualquer tipo de vandalismo em patrimônios culturais será tratado com “todo o rigor da lei”. Segundo informações da Polícia de Segurança Pública (PSP), foram recolhidos materiais no local e está em curso uma investigação para identificar os responsáveis pela ação.

Manifestação climática a 23 de novembro

O grupo Climáximo, conhecido por suas ações diretas e por sua postura crítica em relação às políticas governamentais de combate às alterações climáticas, pretende com este ato mobilizar milhares de pessoas para o protesto agendado para 23 de novembro. De acordo com o comunicado do grupo, a ação no Castelo de São Jorge é “um alerta urgente” para a necessidade de uma mudança radical nas políticas energéticas e ambientais em Portugal e no mundo.

“Não estamos a falar de um problema futuro, a crise climática já está a afetar vidas em todo o mundo”, diz o grupo no seu comunicado. “O governo português continua a adiar medidas fundamentais para a transição energética e a descarbonização da economia, enquanto as empresas continuam a lucrar com combustíveis fósseis.”

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Ações anteriores do Climáximo

O coletivo Climáximo tem uma longa história de intervenções públicas e ações de desobediência civil com o intuito de chamar a atenção para a crise climática. Em setembro, membros do grupo bloquearam a entrada de uma refinaria em Sines, interrompendo o acesso ao local como forma de protesto contra a exploração de combustíveis fósseis em Portugal. Além disso, no início deste ano, ativistas do grupo também participaram de uma série de bloqueios de estradas em Lisboa e no Porto, em solidariedade ao movimento global “Rebelião Climática”.

Apesar das críticas que frequentemente recebem, as ações do Climáximo são vistas por muitos como um grito desesperado frente à inação das autoridades. Para os ativistas, a “normalidade” em que a sociedade vive é insustentável, e apenas medidas drásticas podem gerar as mudanças necessárias para combater a crise climática.

Reações da sociedade civil

A sociedade civil encontra-se dividida quanto às ações do Climáximo. De um lado, há quem acredite que as suas intervenções são necessárias para trazer à tona uma discussão muitas vezes deixada de lado pelas autoridades e pelos media. Organizações ambientais, como a Quercus e a Zero, embora não aprovem o vandalismo, reconhecem a importância de manter o tema das alterações climáticas na agenda pública.

Por outro lado, muitos cidadãos e representantes de setores culturais e turísticos manifestaram-se contra o uso do patrimônio histórico como palco de protestos. “O Castelo de São Jorge é um símbolo de Lisboa e de Portugal. Pichá-lo com tinta não vai resolver o problema do clima, mas sim alienar aqueles que poderiam ser aliados na luta”, comentou um residente local nas redes sociais.

Conclusão das investigações

A PSP confirmou que está a analisar as imagens das câmaras de videovigilância instaladas nas proximidades do Castelo de São Jorge e que espera identificar os responsáveis pela ação nas próximas horas. A Câmara Municipal de Lisboa também já iniciou os trabalhos de limpeza da tinta vermelha nas paredes do monumento, que, segundo especialistas, poderá ser removida sem maiores danos ao castelo.

Enquanto isso, o Climáximo continua a organizar suas campanhas de mobilização nas redes sociais, prometendo mais ações diretas até a grande manifestação de 23 de novembro.