O mercado imobiliário na Europa voltou a registrar uma aceleração nos preços das habitações em 2024, após um período de desaceleração observado em 2022. De acordo com dados recentes, os preços das casas em várias grandes cidades europeias voltaram a subir, com alguns mercados registrando um aumento anual superior a 6%.
Diversos fatores estão contribuindo para esse cenário, como o aumento da demanda em comparação à oferta limitada, a expansão populacional em áreas urbanas e a alta nos custos de materiais de construção, impactados por perturbações nas cadeias de abastecimento globais. Além disso, a inflação persistente e as taxas de juro elevadas também estão pressionando o mercado de compra e arrendamento de imóveis.
Principais Mercados Atingidos
No norte e centro da Europa, países como Alemanha, Suécia e Países Baixos lideram o aumento de preços. Berlim, por exemplo, viu o preço médio por metro quadrado subir mais de 8% no primeiro semestre de 2024, em comparação ao ano anterior. O mesmo ocorre em Estocolmo e Amsterdão, onde a demanda interna e externa elevou os preços dos imóveis urbanos.
Nas regiões do sul da Europa, o aumento dos preços foi mais moderado. Em cidades como Lisboa, Madrid e Roma, o crescimento anual ficou em torno de 4%. No entanto, áreas turísticas como o Algarve em Portugal e a Costa del Sol na Espanha continuam registrando um crescimento expressivo, impulsionado pela demanda por propriedades de férias e segundas residências.
Escassez de Oferta e Aumento da Demanda
O déficit de novas construções continua sendo um dos fatores principais que explicam o aumento nos preços. Grandes cidades enfrentam um crescimento populacional significativo, impulsionado pela migração interna e externa, e a oferta de novas habitações não tem acompanhado essa demanda.
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Além disso, as políticas monetárias restritivas do Banco Central Europeu (BCE), que resultaram em taxas de juro mais altas, dificultaram o acesso ao crédito imobiliário, reduzindo o poder de compra de muitas famílias. Como alternativa, muitos têm optado pelo arrendamento, o que também elevou os preços das rendas. Em Paris, por exemplo, o mercado de arrendamento registrou um aumento de 5% nos últimos 12 meses, e outras cidades como Milão e Dublin enfrentam pressão semelhante.
Impacto do Aumento dos Custos de Construção
Outro fator importante que afeta o aumento dos preços é o custo crescente dos materiais de construção, agravado por crises globais como a pandemia e a guerra na Ucrânia. O preço de insumos como aço, cimento e madeira aumentou significativamente, afetando o custo final das novas construções. Além disso, a escassez de mão-de-obra qualificada em países europeus tem elevado os custos operacionais no setor da construção.
No Reino Unido, por exemplo, os preços dos materiais de construção subiram mais de 10% no último ano, de acordo com a Construction Products Association. Muitos empreiteiros estão enfrentando dificuldades para manter os custos das habitações acessíveis, levando ao adiamento ou cancelamento de novos projetos.
Investidores e Incertezas Econômicas
A incerteza econômica global, intensificada pela guerra na Ucrânia, tem feito com que muitos investidores busquem o setor imobiliário como uma forma de proteger seus ativos, especialmente em um cenário de inflação alta. Esse interesse crescente no mercado de imóveis, principalmente no segmento de luxo, tem contribuído para a pressão nos preços, impactando as famílias que buscam adquirir sua primeira habitação.
Ao mesmo tempo, as taxas de juro elevadas e a falta de uma oferta significativa de novas construções sugerem que os preços das habitações continuarão a subir nos próximos meses. O BCE tem mantido uma política rigorosa no controle da inflação, o que indica que o crédito à habitação deve permanecer caro no futuro próximo.
Desafios e Perspectivas
A procura por soluções habitacionais mais sustentáveis e acessíveis tem levado alguns governos europeus a considerar políticas de incentivo à construção de moradias a preços controlados, além de subsídios para compradores de primeira casa. No entanto, até que essas medidas sejam implementadas e surjam efeitos concretos no mercado, a tendência de aumento nos preços das habitações continuará a impactar milhões de europeus, dificultando o acesso à moradia.
Enquanto isso, o aumento dos custos e a escassez de oferta mantêm a pressão sobre o mercado imobiliário, reforçando o cenário de alta nos preços das casas na Europa para os próximos anos.