Alta Velocidade entre Porto e Oiã já tem contrato assinado

No mais recente passo rumo à modernização do sistema ferroviário português, o contrato para a construção da primeira fase da linha de alta velocidade entre Porto e Oiã foi finalmente assinado. Este marco representa um avanço significativo no desenvolvimento de infraestruturas ferroviárias em Portugal, conectando o norte e o centro do país com maior eficiência e rapidez.

O contrato, assinado no início de outubro de 2024, faz parte do projeto da linha de alta velocidade que ligará Porto a Lisboa, passando por cidades estratégicas. A empreitada desta primeira fase, que compreende o troço entre Porto e Oiã, foi adjudicada a um consórcio de empresas nacionais e internacionais, após um longo processo de licitação que visou garantir a melhor relação entre custo e qualidade. O valor do contrato está estimado em cerca de 1,2 mil milhões de euros, financiado tanto por fundos nacionais quanto por fundos europeus.

Importância Estratégica do Projeto

O projeto da linha de alta velocidade Porto-Lisboa, particularmente este primeiro trecho até Oiã, é visto como essencial para reduzir a sobrecarga do sistema ferroviário atual, além de proporcionar uma alternativa viável ao tráfego rodoviário e aéreo. O Governo Português, representado pelo Ministério das Infraestruturas, argumenta que o novo corredor ferroviário ajudará a diminuir significativamente os tempos de viagem entre as duas maiores cidades do país.

Atualmente, uma viagem de comboio entre Porto e Lisboa pode durar cerca de três horas. Com a nova linha de alta velocidade, a expectativa é que esse tempo seja reduzido para aproximadamente uma hora e 15 minutos, o que deve aumentar a competitividade do transporte ferroviário face a outros meios.

Além da rapidez, a nova linha também terá impacto positivo na sustentabilidade. A infraestrutura ferroviária de alta velocidade é uma das apostas de Portugal para cumprir as metas de redução de emissões de carbono, alinhando-se às políticas ambientais da União Europeia. Espera-se que a nova linha reduza consideravelmente o número de carros e aviões em circulação entre o Porto e Lisboa, contribuindo para uma pegada ecológica mais baixa.

Detalhes Técnicos do Projeto

A primeira fase da linha de alta velocidade terá uma extensão aproximada de 60 km, ligando o Porto à localidade de Oiã, no distrito de Aveiro. Este trecho inicial será projetado para suportar velocidades que podem atingir até 350 km/h, uma das mais rápidas da Europa. A construção incluirá a criação de novos túneis, viadutos e estações, bem como a requalificação de algumas infraestruturas existentes, de forma a garantir a integração com o sistema ferroviário tradicional.

De acordo com o consórcio responsável pela construção, os trabalhos estão previstos para começar ainda no último trimestre de 2024. As primeiras operações experimentais poderão ocorrer no final de 2027, embora o início oficial do serviço para o público seja projetado para 2028.

O contrato também prevê a instalação de modernos sistemas de sinalização e controle de tráfego ferroviário, que permitirão uma operação eficiente e segura das composições. O material rodante que circulará nesta linha será de última geração, com capacidade para transportar mais de 400 passageiros por comboio e equipado com tecnologias que garantem conforto e acessibilidade.

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Impacto Regional

A construção da nova linha de alta velocidade já desperta grandes expectativas nas regiões que serão diretamente afetadas pelo projeto. No caso de Oiã, uma pequena localidade no concelho de Oliveira do Bairro, a expectativa é que a nova estação traga um desenvolvimento económico significativo, impulsionando o comércio local e atraindo novos investimentos.

Em contrapartida, alguns críticos levantam preocupações sobre os possíveis impactos ambientais e a alteração da paisagem nas áreas envolvidas. Organizações ambientais têm solicitado estudos detalhados sobre os efeitos da construção em ecossistemas locais, particularmente em zonas protegidas. Contudo, o Governo já garantiu que todos os procedimentos de avaliação ambiental foram rigorosamente cumpridos.

Outro ponto de interesse regional é o impacto no turismo. Cidades como Aveiro e Coimbra, que poderão ser beneficiadas indiretamente pela proximidade à nova linha, esperam ver um aumento no fluxo de turistas, especialmente em viagens de curta duração. A previsão é que as viagens de lazer e negócios entre Porto e o centro do país se tornem mais frequentes, fortalecendo o turismo interno.

Financiamento e Transparência

O financiamento do projeto é um dos maiores investimentos em infraestrutura feito em Portugal nos últimos anos. O recurso a fundos europeus, especialmente do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, foi crucial para viabilizar a obra. O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, sublinhou a importância deste financiamento externo, enfatizando que o projeto da alta velocidade faz parte de um plano mais abrangente de recuperação económica e transformação do sistema de transportes do país.

A transparência no uso dos fundos também tem sido um tema recorrente no debate público. Diversas organizações da sociedade civil pedem que o governo e as empresas envolvidas mantenham uma comunicação clara sobre os custos e prazos da obra, garantindo que o projeto seja concluído dentro do orçamento previsto e sem atrasos significativos. O Tribunal de Contas já manifestou interesse em acompanhar de perto a evolução das obras.

Desafios e Expectativas

Embora o contrato para a construção do troço Porto-Oiã seja um marco importante, ainda há desafios pela frente. A complexidade técnica da obra, que envolve a construção de túneis em áreas densamente povoadas e a gestão de impactos ambientais, poderá representar obstáculos ao cronograma inicialmente estabelecido. Além disso, a integração com o restante da rede ferroviária e o planejamento da fase subsequente, que ligará Oiã a Lisboa, serão decisivos para o sucesso do projeto como um todo.

Por enquanto, a assinatura deste contrato traz um sentimento de progresso e otimismo para o futuro do transporte ferroviário em Portugal. Com a linha de alta velocidade, o país dá um passo importante para se alinhar às melhores práticas europeias em termos de mobilidade, sustentabilidade e desenvolvimento regional.