O investigador da Universidade do Minho (UMinho), Dr. João Pereira da Silva, foi distinguido com o Prémio Nacional de Investigação Científica 2024, numa cerimónia realizada em Lisboa. A premiação reconhece o trabalho inovador que o investigador tem desenvolvido na área da biomedicina, particularmente no estudo de doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer. Este galardão é uma das mais prestigiadas distinções atribuídas a cientistas em Portugal, celebrando a excelência e o impacto da investigação no desenvolvimento científico e na sociedade.
A investigação premiada
João Pereira da Silva, professor associado do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho, tem-se destacado pelo trabalho na identificação de biomarcadores precoces para a deteção de doenças neurodegenerativas, com enfoque especial na doença de Alzheimer. O seu trabalho tem implicações importantes na medicina preventiva, ao permitir que estas condições sejam diagnosticadas numa fase inicial, potencialmente abrindo caminho para tratamentos mais eficazes e retardando a progressão das doenças.
A equipa de investigação coordenada pelo Dr. Pereira da Silva conseguiu, ao longo dos últimos anos, isolar vários marcadores biológicos que podem ser detetados em exames de sangue e fluidos corporais antes mesmo de os sintomas das doenças neurodegenerativas se manifestarem de forma visível. A pesquisa foi realizada em colaboração com diversas instituições internacionais, incluindo a Universidade de Cambridge e a Universidade de Stanford, o que reforçou a relevância global dos resultados obtidos.
“Este prémio é o reconhecimento do trabalho de uma equipa dedicada e apaixonada pela ciência. Estamos determinados em melhorar a vida de milhões de pessoas que sofrem de doenças neurodegenerativas, e este prémio dá-nos um incentivo adicional para continuar a nossa investigação”, afirmou o Dr. Pereira da Silva durante o seu discurso de aceitação do prémio.
Impacto na medicina preventiva
Um dos maiores méritos do trabalho do investigador da UMinho é a sua potencial aplicação na medicina preventiva. A deteção precoce de doenças como Alzheimer tem sido um dos grandes desafios da medicina moderna, devido à natureza silenciosa e progressiva destas condições. Na maioria dos casos, os sintomas só se manifestam quando já há danos significativos no cérebro, o que limita as opções de tratamento disponíveis.
Com a identificação de biomarcadores, a equipa de Pereira da Silva abre uma nova perspetiva no campo da medicina preventiva. Exames não invasivos poderiam ser realizados em populações de risco, como indivíduos com histórico familiar de Alzheimer, permitindo intervenções precoces e personalizadas. “Estamos a falar de uma mudança de paradigma. Se conseguirmos diagnosticar estas doenças mais cedo, poderemos mudar o curso da progressão e, quem sabe, adiar significativamente o seu impacto na vida dos pacientes”, explicou o investigador.
A trajetória académica do investigador
João Pereira da Silva é um nome que se tem afirmado no panorama científico nacional e internacional ao longo das últimas duas décadas. Formado em Biomedicina pela Universidade de Lisboa, completou o doutoramento em Neurociências na Universidade de Oxford, onde começou a desenvolver a sua paixão pela investigação das doenças neurodegenerativas. Posteriormente, regressou a Portugal, onde integrou a equipa da UMinho e iniciou o trabalho no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde.
Ao longo da sua carreira, Pereira da Silva publicou mais de 50 artigos em revistas científicas de renome, incluindo Nature e The Lancet Neurology, sendo frequentemente convidado para palestras em conferências internacionais. O seu trabalho já lhe valeu vários prémios e distinções, tanto em Portugal como no estrangeiro, sendo considerado uma referência no estudo das doenças do sistema nervoso central.
Para além da investigação científica, o Dr. Pereira da Silva é um professor ativo, orientando alunos de doutoramento e mestrado, e tem sido uma voz ativa na promoção da ciência em Portugal, defendendo o aumento do financiamento para a investigação científica e a criação de mais oportunidades para jovens investigadores.
Reconhecimento e apoio
A entrega do Prémio Nacional de Investigação Científica a João Pereira da Silva vem reforçar a importância da investigação que está a ser realizada em instituições como a Universidade do Minho. O reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, presente na cerimónia, elogiou o trabalho do investigador e da sua equipa, salientando que este prémio “é um reflexo do compromisso da universidade com a excelência científica e com a contribuição para o avanço do conhecimento, em áreas que têm um impacto direto na saúde pública e no bem-estar da população”.
O Prémio Nacional de Investigação Científica é atribuído anualmente pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, em colaboração com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), e visa reconhecer os trabalhos mais inovadores e relevantes produzidos por cientistas portugueses. O prémio, que inclui um valor monetário de 100 mil euros, será utilizado pela equipa de Pereira da Silva para financiar novas fases do projeto, incluindo a realização de ensaios clínicos com vista à validação dos biomarcadores em grupos mais amplos de pacientes.
Contribuições para a ciência em Portugal
A atribuição deste prémio sublinha também a importância crescente da ciência em Portugal e o papel que as universidades e os centros de investigação desempenham na produção de conhecimento. Nos últimos anos, o país tem vindo a consolidar-se como um centro relevante para a investigação científica, com cada vez mais investigadores portugueses a serem reconhecidos internacionalmente pelo seu trabalho.
A investigação liderada por João Pereira da Silva é um exemplo de como a ciência portuguesa pode contribuir para resolver alguns dos maiores desafios da humanidade, neste caso, as doenças neurodegenerativas. Os resultados obtidos até agora abrem novas possibilidades não só para o diagnóstico e tratamento destas condições, mas também para o desenvolvimento de terapias inovadoras que poderão mudar o futuro da medicina.