Mikel Arteta: Como o PSG Moldou um dos Mais Brilhantes Treinadores da Atualidade

Em janeiro de 2001, Mikel Arteta, então com apenas 18 anos, deixou o Barcelona rumo ao Paris Saint-Germain (PSG) num empréstimo de 18 meses que viria a transformar a carreira do jovem espanhol. Essa passagem pela capital francesa não só lhe permitiu crescer como um dos meio-campistas mais inteligentes da sua geração, como também foi onde começaram a emergir as suas qualidades de liderança, que mais tarde o levariam a tornar-se treinador de sucesso no Arsenal.

A transferência para o PSG marcou um ponto de viragem na carreira de Arteta. Enfrentando a dura concorrência de nomes como Pep Guardiola, Emmanuel Petit, Phillip Cocu e Xavi Hernández no Barcelona, o jovem meio-campista procurou em Paris a oportunidade de jogar regularmente. Foi lá que, pela primeira vez, demonstrou as suas habilidades táticas e a capacidade de comandar o jogo a partir de uma posição mais recuada.

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No PSG, um dos primeiros a acolher Arteta foi Mauricio Pochettino, então também recém-chegado ao clube vindo do Espanyol. Pochettino, que rapidamente se tornaria um amigo próximo e mentor de Arteta, descreveu-o como um “irmão mais novo” e “pai futebolístico”. O argentino foi fundamental na integração de Arteta na equipa, com ambos a partilharem o mesmo hotel nos primeiros meses em Paris. Este apoio revelou-se essencial para o desenvolvimento do jovem jogador, que ainda estava a adaptar-se à vida fora de Espanha e à barreira linguística, já que pouco falava francês na época.

Mesmo com a diferença de idade, Pochettino rapidamente identificou a capacidade tática e a inteligência de Arteta, que impressionava os seus colegas de equipa e treinadores. “Ele já era um treinador”, comentou Pochettino, relembrando a forma como Arteta dava conselhos aos outros jogadores e demonstrava um profundo entendimento do jogo. “Ele já tinha o cérebro de futebol.”

Sob o comando do técnico Luis Fernandez, que já havia tentado levar Arteta para o Athletic Bilbao, o jovem espanhol assumiu um papel importante no meio-campo do PSG. Fernandez pediu a Arteta para jogar de forma simples, servindo de suporte para talentos mais criativos como Jay-Jay Okocha. Essa função permitiu que Arteta demonstrasse uma maturidade impressionante para a sua idade, com um domínio tático que o destacava dos outros jovens jogadores.

“Arteta era um homem calmo, mas já mostrava a determinação de aço que vemos nele hoje”, explicou o especialista em futebol francês Matt Spiro à BBC Sport. “Como a maioria dos jogadores do Barcelona, ele era taticamente excelente, mas o que mais impressionava, dada a sua juventude, era a sua consciência tática.”

Arteta rapidamente se estabeleceu como uma peça-chave no PSG, fazendo 11 aparições na reta final da temporada 2000-2001 e marcando o seu primeiro golo num empate de 2-2 com o Lille. Embora o PSG não tenha conseguido alcançar grandes conquistas nesse ano, a contribuição de Arteta deixou uma marca duradoura nos adeptos e nos seus colegas de equipa.

A temporada seguinte (2001-2002) começou de forma promissora para Arteta e para o PSG. Com a vitória na Taça Intertoto, o clube garantiu um lugar na Taça UEFA, e Arteta participou ativamente nos primeiros 18 jogos da temporada, ajudando a equipa a manter-se invicta até ao final de setembro.

No entanto, a época foi marcada por uma série de altos e baixos. Embora Arteta tenha sido titular em quase todos os jogos da Ligue 1 até ao Natal, o PSG acabou por falhar nas competições internas, sendo eliminado nas quartas de final da Taça de França e nas semifinais da Taça da Liga. A eliminação mais dolorosa, porém, veio na Taça UEFA, onde o PSG foi derrotado nos penáltis pelo Rangers, nos 32-avos de final.

Foi precisamente essa atuação de Arteta nos dois jogos contra o Rangers que atraiu a atenção do clube escocês, que em março de 2002 ofereceu ao Barcelona £6 milhões para adquirir o jogador. Apesar do desejo de Luis Fernandez em manter o meio-campista no PSG, o clube não conseguiu competir com a oferta do Rangers, e Arteta acabaria por seguir para Glasgow no verão de 2002.

Apesar de ter passado apenas 18 meses no PSG, Mikel Arteta deixou uma impressão duradoura no clube e nos adeptos. A sua capacidade de leitura de jogo, aliada à maturidade e à liderança em campo, fizeram dele um dos jogadores mais valorizados da sua geração, mesmo numa equipa que, na altura, ainda estava longe de ser o gigante do futebol francês que é hoje.

Ao longo da temporada 2001-2002, Arteta participou em 42 jogos em todas as competições pelo PSG, uma contribuição que, embora modesta em termos de golos, foi fundamental na organização tática da equipa. “Arteta foi um grande sucesso durante o seu tempo no PSG”, afirmou Matt Spiro. “Embora o clube não tenha conquistado troféus durante esse período, os adeptos ainda recordam com carinho esse tempo e o impacto que ele teve.”

Agora, como treinador do Arsenal, Arteta terá a oportunidade de reencontrar o PSG, desta vez do banco de suplentes, num jogo da Liga dos Campeões que promete ser memorável.